Gostei muito da iniciativa da TV A Crítica (olha o merchan, cadê o cacau pra mim?) em transmitir os jogos do Campeonato Amazonense que começa a partir do dia 7 de Março. Tudo indica que o pontapé inicial das transmissões será no tradicionalíssimo Rio-Nal, no Vivaldão. Que maravilha, que beleza.
Nosso campeonato é desprestigiado há tempos e nada melhor que uma divulgação na mídia para atrair interesse do público. Não falo, necessariamente, de público nos estádios. Acredito que isso surta efeito a médio e longo prazo. Não acredito que isso vá acontecer de uma hora pra outra, mas pelo menos a população vai ter mais um canal de acesso ao nosso futebol.
Além dos jogos, teremos as chamadas das transmissões, uma melhor cobertura da competição pela emissora, ou seja, um alto investimento em divulgar o campeonato. A TV A Crítica não entrou nessa simplesmente porque é boazinha, porque é camarada dos clubes, porque vai fazer uma caridade, uma campanha “ame o próximo” para o futebol amazonense. O Grupo é empreendedor, quer algum retorno, e viu no Campeonato Amazonense uma boa maneira (só não sei qual ainda) de conseguir. Pra isso terá de fazer mais investimentos em divulgação, propaganda do evento. Quem ganha com isso também? O futebol amazonense, os clubes e nós, amantes do futebol, que torcemos pra que um dia nossos clubes alcancem o mínimo de respeito Brasil afora.
Os jogos serão transmitidos sempre às quartas e domingos, sendo que as partidas que serão mostradas ainda não foram definidas pela emissora. Segundo os jornais locais, a cota para cada clube é de R$10 mil. Pouco? Sem dúvida, ainda mais se compararmos com outros centros futebolísticos do país. Isso cheda a ser risível, no entanto, pra quem diz não ter patrocínio, diz não ter dinheiro para participar do campeonato, diz que não tem dinheiro pra formar um bom time, qualquer quantia que entrar será bem-vinda, especialmente quando se trata de um meio nada utilizado pelos clubes, o televisivo, o marketing, a propaganda. Pelo contrato, também ficou definido que os clubes terão direito a 20% nos lucros com mídia e publicidade. Nada mal pra quem luta diariamente por patrocínio.
O engraçado é que nosso futebol é pobre, não dá dinheiro, é falido, não existe patrocínio, existem muitas dificuldades em montar times competitivos, no entanto, é muito comum encontrarmos as mesmas caras nos bastidores, ora nos mesmos clubes, ora em clubes diferentes e até mesmo na Federação. Mas deixa pra lá, vamos deixar esse tema pra uma outra hora.
Independente da cota em si, esse acordo é muito importante pros clubes pela visibilidade. Um marketing de certa forma gratuito que pode, inclusive, trazer novos sócios às agremiações. Seus dirigentes poderão ter mais espaço para divulgarem seus projetos, mostrando seriedade e tentando conseguir credibilidade com a população, coisa que anda meio baleada. Não vamos esquecer que essa emissora alcança 92% das cidades do Estado (mais cacau pra mim pelo marketing?).
É muito comum ouvir dizer que o futebol local está um lixo, que é uma porcaria, mas se um grupo como o Grupo Calderaro, com o sucesso de empreendimentos que tem, com a visão de negócios que tem, está vendo alguma vantagem com esse acordo, é porque desse mato sai coelho. Realmente louvável e espero que obtenham êxito. Mas existe uma pergunta que não quer calar: Por que só agora? Alguém conseguiria me responder?
Mais uma vez, com relação ao público nos estádios, posso até estar sendo contraditório, mas acredito que se o campeonato tiver um nível aceitável, pode sim trazer mais gente pra acompanhar in loco os jogos. Quem teve a oportunidade de assistir jogos em estádios, sabe que a sensação é bem diferente. Nós, apaixonados por futebol como somos, jamais iríamos preferir assistir jogos pela TV quando se pode estar no estádio. Mas veja bem, tudo isso vai depender do nível dos times, do nível dos jogos, da situação da tabela, da emoção que a competição proporcionar. Sem contar que existe a concorrência dos jogos do eixo RJ x SP, que chega a ser desleal. Vejo como uma solução a médio e longo prazo, mas se vier antes, ótimo.
Vamos ver no que vai dar. Eu espero que dê samba.
(publicado originalmente n’O Malfazejo.)
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